Cientistas Refugiados Conduzem Pesquisas Inovadoras no Rio de Janeiro

Cientistas Refugiados Conduzem Pesquisas Inovadoras no Rio de Janeiro

Os projetos aprovados contemplaram áreas como as Engenharias, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias

Há em torno de 1,5 milhão de imigrantes no Brasil, sendo que cerca de 700 mil, de 163 nacionalidades, são refugiados ou solicitantes de refúgio. Neste mês de junho, que abriga o Dia Mundial do Refugiado (20/6), a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), vinculada à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação anuncia que, no próximo mês, lançará a segunda edição do edital para pesquisadores de zona de conflitos.

Em homenagem ao falecido físico e professor emérito da Coppe/UFRJ, o programa Luiz Pinguelli Rosa de Mobilidade e Instalação de Pesquisadores Originários de Regiões em Conflito em Instituições de Ciência e Tecnologia trouxe ao estado nove cientistas de zonas de conflito. Entre os quais, cientistas da Ucrânia, Rússia, Irã e Síria.

Com investimentos de mais de R$ 10 milhões, a iniciativa pioneira da Faperj, ofertou a cada um dos estrangeiros uma bolsa mensal no valor de R$ 9 mil por até 12 meses; passagens de ida e volta; seguro viagem e um auxilio à pesquisa para o pesquisador-anfitrião, totalizando, no máximo, R$ 200 mil. Os projetos aprovados contemplaram áreas como as Engenharias, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias em instituições como UFRJ, UFF, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, PUC-Rio, Inmetro e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada.

O russo Vladimir Alexandrovich Mironov foi um dos contemplados. Orientado pelo pesquisador José Granjeiro, do Inmetro, o projeto dele é na área de bioimpressão de 3D de cartilagem humana.

Cientistas sírios – As aplicações bioativas do resíduo da filetagem de peixes, especialmente, a pele de tilápias, foi alvo de estudo do bolsista sírio, Siraj Salman Mohammad. Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o sírio analisa os efeitos antimicrobiano e anti-inflamatórios da pele de tilápias. 

– O produto obtido apresentou 130% do efeito anti-inflamatório do medicamento disponível. Ou seja, 30% acima do produto comercial. Isso tudo a partir de um resíduo, explica José Barbosa de Lucena, seu anfitrião.

Vindo também da Síria, Mohammad Al Abed trabalha no Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense com mapeamento da degradação do solo em Cachoeiras de Macacu, Maricá, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. Nesses locais, utilizam uma metodologia de imagens de satélite e drones para identificar as áreas não afetadas e as áreas afetadas por erosão. 

Para a coordenadora da Assessoria de Relações Internacionais da Faperj, Vânia Paschoalin, este edital trouxe a possibilidade a pesquisadores qualificados e produtivos darem continuidade de seus trabalhos em áreas de fronteira do conhecimento. Originários de regiões conflituadas, estavam impedidos de desenvolver com plenitude pesquisas em seus países de origem. 

 

– Nesta primeira edição do programa Luís Pinguelli Rosa, os pesquisadores contemplados com as bolsas de mobilidade e instalação vieram de países que enfrentam conflitos históricos, e encontraram parceiros científicos nas diferentes ICTs do Estado do Rio de Janeiro, e juntos, estão desenvolvendo ciência de qualidade e inovação tecnológica em diversas áreas do conhecimento, a serviço da melhoria da vida da sociedade fluminense, afirma Paschoalin.