Confronto comercial: Trump abre investigação e mira práticas brasileiras

O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (15) a abertura de uma investigação para apurar o que considera práticas comerciais “desleais” por parte do Brasil.
A medida foi oficializada pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês) e tem como foco analisar se políticas brasileiras estariam criando restrições “irracionais ou discriminatórias” que prejudiquem empresas e trabalhadores americanos.
Na semana passada, Trump já havia surpreendido ao divulgar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto. O anúncio ocorreu em meio a críticas do ex-presidente americano à condução de processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil.
O embaixador do comércio norte-americano, Jamieson Greer, declarou que a decisão segue ordens diretas de Trump para investigar práticas brasileiras que, segundo ele, estariam impactando empresas de tecnologia, agricultura, inovação e mídia social nos Estados Unidos.
A investigação mira diversas áreas, como:
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Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, onde o governo americano vê risco de restrições a empresas que se recusem a censurar conteúdos;
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Tarifas preferenciais, alegando que o Brasil beneficia parceiros comerciais concorrentes com taxas mais baixas;
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Proteção à propriedade intelectual, acusando o Brasil de não garantir a fiscalização de direitos autorais e patentes;
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Fiscalização anticorrupção e transparência, apontando supostas falhas em políticas de combate à corrupção;
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Exportações de etanol, afirmando que o Brasil impõe tarifas elevadas para o combustível norte-americano;
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Desmatamento ilegal, criticando a eficácia das ações de proteção ambiental, o que impactaria a competitividade de produtos agrícolas e madeireiros dos EUA.
A investigação é considerada uma das ferramentas comerciais mais duras do governo americano e pode resultar em tarifas adicionais contra o Brasil. Para Trump, a decisão faz parte de sua estratégia de trazer mais recursos para dentro da economia dos Estados Unidos.
Em declarações à imprensa, o ex-presidente afirmou: “Estamos fazendo isso porque eu posso fazer. Temos tarifas em vigor porque queremos o dinheiro entrando nos EUA.” Trump também voltou a manifestar apoio a Bolsonaro, classificando o julgamento do ex-presidente brasileiro como uma “caça às bruxas”.
Diante do novo cenário, o governo brasileiro já articula formas de reação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, que deve coordenar estratégias para proteger a economia nacional. Entre as possibilidades está recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, regulamentada por decreto presidencial na segunda-feira (14).
Produtores de suco de laranja, aço e empresas como a Embraer estão entre os setores que mais podem ser impactados pela tarifa de 50%. Em 2024, o comércio entre Brasil e EUA movimentou cerca de US$ 90 bilhões, com superávit de US$ 7,4 bilhões para Washington.
A tensão comercial também se soma a disputas envolvendo decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil, especialmente sobre o bloqueio de plataformas de mídia social. Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes determinou sanções a empresas americanas por descumprirem decisões judiciais. A pressão política cresceu nos EUA, e já há discussões sobre possíveis sanções individuais contra autoridades brasileiras com base em legislações internacionais de combate a violações de direitos humanos.
Enquanto isso, setores produtivos e exportadores brasileiros permanecem em alerta e pressionam o governo federal para buscar soluções diplomáticas que evitem mais prejuízos à economia nacional.

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