Nova Friburgo enfrenta seca que diminui o nível das cachoeiras e seca mananciais na Pedra do Caledônia
As cachoeiras e mananciais de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, já estão sentindo as consequências da seca. A cachoeira do Parque Municipal Juarez Frotté, por exemplo, está com o nível bem abaixo do normal.
Bem próximo da região, na Pedra do Caledônia, os mananciais que geralmente têm abundância de água estão completamente secos.
O ambientalista Juran Santos, criador do projeto Aventura Animal, que tem 380 câmeras espalhadas pela Mata Atlântica para registrar a presença de animais silvestres, está preocupado com a situação. Em uma das caminhadas pelo Caledônia, ele e o cinegrafista Raphael Pinheiro registraram as cachoeiras secas.
“Passamos por cinco nascentes. Eu nunca vi na história de andar aqui no Caledônia e você pegar áreas dessas sem água nenhuma. Cara, um filetezinho de água mínimo. Isso é muito preocupante. Uma cachoeira linda que tem aqui totalmente seca. Nesse cenário devemos já a começar a nos preocupar em economizar água”, alertou o ambientalista.
O ambientalista e geólogo Fernando Cavalcante classificou a situação como gravíssima.
“No início do século passado, por exemplo, na região do Caledônia, cada propriedade tinha uma nascente. Já no início desse século, muitas propriedades dividiam uma única nascente. Uma caixa d’água de onde saíam mais de dez caninhos. E hoje a gente começa a ver que nem isso mais tá acontecendo nessa época. As cachoeiras começam a secar”, conclui.
Problema global
O geólogo ainda alertou sobre o problema global das queimadas.
“Nesse momento grande parte do Brasil tá queimando. Estamos batendo recordes de temperatura nas nossas cidades. A Amazônia, um dos maiores rios do mundo… muitos deles estão com um palmo de profundidade. Então nós estamos passando na verdade por um problema ambiental e climático global, cuja solução é local. Cada local tem que fazer a sua parte para que a gente possa mitigar esse grande problema da crise climática que ataca o planeta como um todo”, explicou Fernando Cavalcante.
Autoridade Climática
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira (10) a criação de uma Autoridade Climática para enfrentar os desafios relacionados ao aquecimento global e aos eventos extremos que têm afetado o Brasil.
Segundo Lula, a medida faz parte de um esforço para ampliar e acelerar as políticas públicas voltadas ao combate aos riscos climáticos.
“O nosso objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir do Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos. Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento a esses fenômenos. Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal”, afirmou o presidente durante evento em Manaus.
O Brasil vive a pior seca em 44 anos, além de estar registrando temperaturas mais altas do que o normal para o período. O cenário tem levado ao alastramento de queimadas em todas as regiões do país, que ameaçam a biodiversidade, enchem o céu de fumaça e, em alguns casos, colocam em risco até a infraestrutura urbana.
A nova autoridade terá como missão coordenar e implementar estratégias de adaptação e mitigação de impactos climáticos, além de promover o alinhamento entre as diferentes esferas do governo.
Autoridade foi promessa de campanha
A criação da Autoridade Climática foi promessa de campanha do presidente na eleição de 2022, mas não chegou a sair do papel.
Um dos entraves, no início do governo, foi sobre o comando desse órgão e se ele estaria sob o comando do Ministério do Meio Ambiente, da ministra Marina Silva.
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