Quando o crime vira poder: Oficina do Brasil discute o fracasso das UPPs e o domínio das facções

Quando o crime vira poder: Oficina do Brasil discute o fracasso das UPPs e o domínio das facções

Episódio do Oficina do Brasil analisa o narcoterrorismo e a falência do Estado nas comunidades cariocas

O programa Oficina do Brasil, apresentado por Luiz Paulo Vellozo Lucas e Marcelo Torres, trouxe um debate duro e necessário: o Rio de Janeiro vive uma guerra urbana — e o Brasil pode estar à beira de perder o controle sobre seu próprio território.

A conversa começou com a análise da operação mais letal da história recente do Rio, que deixou mais de 120 mortos, 81 presos e 90 fuzis apreendidos nos complexos do Alemão e da Penha.
Luiz Paulo foi categórico: “O sistema policial e judicial do país é parte do problema. O Estado virou um espectador armado.”


Drones, bombas e o novo rosto do crime

O episódio detalha a tática inédita dos criminosos, que usaram drones para lançar explosivos contra a polícia, algo jamais visto nessa escala no Brasil.


O governador Cláudio Castro classificou a ação como narcoterrorismo — e a discussão no programa deixou claro: o país está assistindo à formação de exércitos paralelos, bem armados, bem organizados e com domínio territorial real sobre milhões de pessoas.

Marcelo Torres reforçou que as facções já não se restringem a favelas, mas controlam bairros inteiros. “O crime substitui o Estado. Cobra taxas, impõe leis e oferece ‘segurança’ onde o poder público nunca chegou.”


O fracasso das UPPs e a ausência de governança local

Os apresentadores revisitaram a experiência das UPPs, que no início trouxeram esperança, mas ruíram diante da crise política e da corrupção.
Luiz Paulo explicou que o modelo falhou porque não havia governança local real: “O tenente da UPP virava o prefeito, o juiz e o policial. O Estado não se organiza assim.”

Eles citaram como exemplo o modelo de Medellín, na Colômbia, onde as favelas foram transformadas em bairros com serviços públicos, escolas e segurança permanente: “Lá, o Estado venceu o crime com presença contínua, não com operações pontuais.”


O Estado que atrapalha e o crime que ocupa

Os dois também criticaram decisões que enfraquecem o combate ao crime, como a restrição de operações policiais imposta pelo ministro Edson Fachin em 2022, que segundo Luiz Paulo criou santuários de criminosos:
“Virou o lugar ideal pra bandido morar. Onde a polícia não entra, o tráfico vira governo.”

O programa ainda trouxe dados alarmantes: 25% da população brasileira — cerca de 50 milhões de pessoas — vivem hoje sob o domínio direto de facções criminosas.


Vitória dá exemplo

Em contraste com o caos carioca, o Espírito Santo foi citado como exemplo de gestão bem-sucedida em segurança pública.
A capital, Vitória, completou 50 dias sem homicídios e 500 dias sem feminicídios, resultado do programa Estado Presente.
Para Marcelo, é a prova de que “quando o Estado age com planejamento e continuidade, o crime recua.”


Conclusão: o país tem conserto

Encerrando o programa, os apresentadores recomendaram o documentário “Notícias de uma Guerra Particular”, de João Moreira Salles, e reforçaram o lema que move o Oficina do Brasil:

“O país está em guerra — mas tem conserto.”